Uma obsessão infinita: a opinião alheia

Yayoi Kusama é uma artista plástica japonesa nascida em 1929 que já fez de tudo: pintura, vídeos, instalações, esculturas e performances. E, dentro de cada um desses itens, coisas muito diferentes – entre si e dos demais. “Obsessão Infinita” é a primeira retrospectiva de sua obra a ser apresentada na América Latina e reúne mais de 100 itens, uma curadoria que vai de 1950 a 2013.

Claro que eu não sabia de nada disso, copiei do programa da exposição. Aliás, até dia desses, nunca tinha ouvido falar nessa mulher. Mas tudo bem. Não sou mesmo a pessoa mais ligada em arte, minha ignorância no assunto não faz nada a não ser justificar sua própria existência.

Mas esse não parecia ser o caso de todo o resto da cidade de São Paulo que, no feriado de 9 de julho, depois de uma lavada da seleção brasileira de futebol em um certo torneio, decidiu ir toda para o museu.

A fila era longa, muito longa, eu não teria enfrentado se não estivesse acompanhado por alguém decidido a entrar. As pessoas enfrentam agora, na reta final da exposição no Instituto Tomie Ohtake (Rua Coropés, 88, Pinheiros), de 1h a 2h de fila para ver as obras da japa.

Aliás, era assim que ela era referida na fila. “Vim ver a exposição da japa”, disse uma menina ao celular atrás de mim. Muita gritaria e selfies na fila, que mais parecia para um show da Miley Cyrus por ser longa, cheia de muitos adolescentes com seus pais e jovens adultos com seus amigos, e também por contar com uma moça vendendo água, cerveja e refris num isopor.

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Quando finalmente colocamos o pé dentro, surpresa!, mais fila. Cada sala tem a sua, é impossível circular livremente. É muito claro que mesmo agora o lugar não está preparado para tanta gente. Eu nunca vi filas tão longas nem nos piores dias das exposições do David Bowie ou Stanley Kubrick no Museu da Imagem e do Som (MIS). O que é que essa japa tem? De onde sai tanta gente tão sedenta por arte abstrata?

Bom, a primeira instalação tinha uma coisa curiosa: um aviso de permanência de 20 segundos. V-i-n-t-e s-e-g-u-n-d-o-s. E aí eu entendi tudo: quando o grupo que entrou na minha frente (ninguém sozinho, ninguém sem um celular em mãos) foi literalmente expulso de lá pelo segurança – da maneira mais rude possível – uma das moças virou pra mim e disse: “olha, só dá tempo de tirar foto e ir embora”.

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Usar esse curto tempo para tirar fotos e apreciar a obra depois faz sentido, mas é contra a intenção da artista caso esse tempo limite fosse decisão dela – o que nem sei se é o caso. Ou seja, aquela fila toda de pessoas lá fora estava era só querendo um cenário diferente para suas fotos.

Eu não sou contra quem tira fotos em exposições, eu mesmo já tirei várias fotos em museus. Claro, vê-las em sua timeline pode incomodar pois não deixam de ser spoilers, mas todo mundo tem direito de registrar a experiência – e querer controlar o que o outro posta nas redes dele é dar murro em ponta de faca. E não tenho nada contra selfies também, muito pelo contrário, já até escrevi um textão falando sobre elas. A questão dessa exposição, a meu ver, não batia em nenhum desses assuntos apenas. Era uma questão de validação.

“Olhem pra mim, eu vim na exposição!” era o que todos pareciam querer comunicar. As obras eram meros backdrops para fotos. A prova disso eram as filas nas instalações (que, de fato, são lindas) enquanto os textos de biografia e rascunhos de obras estavam às moscas. Na seção dos quadros, havia tanta gente tirando foto de si ou uns dos outros – e não das obras – que o fluxo de apreciação era completamente atrapalhado. Meu interesse na pintura estava atrapalhando a foto alheia e faziam questão de me verbalizar isso. “Tira foto na frente daquele quadro azul, vai combinar com sua blusa” foi uma frase que eu ouvi, de verdade.

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Depois dessa acima, há uma sala incrível com espelhos, luzes e água. O tempo de permanência lá já não está estampado em lugar nenhum, mas é imposto por um segurança que fica na porta GRITANDO pra quem está lá dentro não parar de andar. No meu grupo estava essa menina da foto acima, que a cada metro revezava um clique com a mãe. Parada numa pose, interrompeu o fluxo e o segurança da sala DESLIGOU AS LUZES DA INSTALAÇÃO e mandou o povo acelerar. Já me falaram que não foi bem isso, que fica escuro mesmo quando o ciclo de luzes piscantes acaba. De qualquer forma, se fiquei 15 segundos ali, foi muito. Ou seja, não vi nem um ciclo completo. Não me deram oportunidade de apreciar nada no meu ritmo.

Era muito antagônica a sensação de estar cercado de tanta cor e vida e sendo tratado como em um rebanho de bois indo virar carne moída. Era como estar, às 18h de uma sexta-feira, na estação de metrô Luz, mas com paredes neon decoradas com luzes de natal.

Não sabia se o excesso de fotos era por conta do tempo curto ou se o tempo curto foi imposto pois todos param demais para tirar fotos. É o ovo e a galinha.

Pensava: quem aqui conhecia Yayoi Kusama antes? Tanto faz, é maravilhoso poder descobrir um artista novo já numa exposição dele! Eu sou a favor da popularização da arte, acho que quanto mais acessível melhor, e cada um interage com ela de um jeito diferente, não deve haver protocolos. Mas confesso que, na fila, tentei desenhar algumas variáveis: será que ia ter tanta gente aqui se exposição não fosse de graça? E se não pudesse tirar foto? E se fosse num outro espaço?

É que não estamos numa cidade que tem a igrejinha e o coreto e aí, de vez em quando, instalam um circo na cidade e ele lota toda noite pois é a única coisa que tem pra fazer. O cardápio cultural de São Paulo é muito vasto e tem mil eventos igualmente gratuitos e acessíveis espalhados por aí sem ninguém os visitando. Por isso repito que minha questão é a seguinte: de onde veio tanto interesse nessa mostra da Yayoi Kusama?

Meu palpite: das redes sociais.

Afinal, pra onde você acha que foram todas essas fotos que vemos sendo tiradas?

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Para muitas pessoas, atualmente, fazer algo só por fazer e só para elas mesmas não é suficiente. É preciso divulgar, validar pelos olhos dos outros. Se não registrei, não fiz. Quanto mais gente ver que me diverti, mais diversão eu tive. Cada um dosa à sua maneira, mas de forma geral acho esse movimento uma pena. Tira as pessoas do presente um pouco, e cria uma memória de algo que, na verdade, não existiu.

As vezes parece que a possibilidade de registrar que se fez algo influencia a tomada de decisão entre o fazer e o não fazer: a festa na casa do vizinho não gera check-ins nem tem fotógrafos profissionais registrando, então melhor nem ir.

É o cara que sente como se tivesse lido o livro depois de tirar foto da capa, é quem posta mil fotos da ida à praia direto da areia ao invés de aproveitar o passeio, é a galera que vai pra grade do show mas vê tudo pela tela do celular pois filmar é mais importante, é a menina que sente que já malhou o suficiente hoje depois de tirar foto com roupa de ginástica no espelho da academia. É viver sua vida para os outros.

E é isso.

Uma coisa foi alimentando a outra. Selfies e mais selfies numa exposição plasticamente bonita levaram selfers e mais selfers até ela. No fim, saem ganhando eles com seus lindos cliques e sai ganhando a galeria que teve seu recorde de visitas. Mas perde quem gosta genuinamente do trabalho de Yayoi Kusama e perde quem foi lá querendo, de fato, conhecê-lo.

62 comentários em “Uma obsessão infinita: a opinião alheia

      1. Entendo vcs dois completamente tb… Algumas pessoas acham que não tenho vida social só pq não posto nada no facebook ou no twitter… Sabem de nada, inocentes!!!! Kkkkkkkkkkkkk…

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  1. Concordo. Uma das fotos é minha e a exposição só serviu pra isso, tirar fotos. Poucas coisas me levaram a alguma reflexão. O resto era muito visual, mastigado, deglutido. O que dava era pra tirar fotos ironizando mesmo. Bjs

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    1. ooiiii???!!! o texto não critica o trabalho da yayoi kusama ou a expo em questão de conteúdo, mas exatamente quem não sabe aproveitar os momentos e tirar algo bom deles por estarem mais preocupadas em mostrar para os outros os momentos que na verdade nem viveram…

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    2. Como vc ironiza tirando fotos se nem ao menos entendeu que aquela sala com espelhos e objetos brancos e vermelhos no chão eram na verdade objetos fálicos que denunciavam uma questão proposta em todo o trabalho de kusama? como? como? vc só pode ser muito gênia mesmo…

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      1. Ai, Deus… Por pessoas como esa Isadora q a exposição deveria custar pelo menos R$50, para dar uma filtrada… O problema eh q muita gente com real interesse e o mínimo de cérebro possivelmente não teria esse recurso pra investir, tendo em vista a desigualdade do pais… Oq resta eh ter q aguentar esses tipos exibicionistas e acéfalos.

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  2. Gostei! Não fui ao Tomie ver a mostra ainda, confesso que esse fuzuê todo para ver uma exposição me desanima. Se a artista era obsessiva, bem, talvez a observação da obra dela por um tempo ligeiramente obsessivo (como em qualquer mostra, a meu ver) seja parte essencial do processo de fruição. Então algo se perde aí. Mesmo na exposição do Bowie e do Kubrick (essa mais, por causa dos ambientes dedicados a “O Iluminado” e a “De olhos bem fechados”) não proliferaram tantas selfies. O problema não é a selfie em si. Visitar uma exposição é experiência fugaz, tem horas que a gente quer captar uma impressão ou outra do que a gente viu. (Embora eu mesma não entenda quem vai a um museu e não está lá de fato, não olha pra obra em si, mas para a tela da câmera, fotografando de tudo. Me pergunto: haja saco pra rever essas fotos depois. E ainda por cima perdeu a fruição, a catarse, que só existe ali de corpo presente na narrativa montada pela curadoria.)

    Mas olha, acho que temos muito a pensar ainda sobre os efeitos e causas dessa fome de “check in” das pessoas. É o que eu acho do Paris 6; as pessoas lotam aquele lugar em filas intermináveis só para tirar fotos dos próprios pratos (especialmente, aquela sobremesa com picolé dentro). O serviço do Paris 6 é horrível, a comida pior ainda e os preços, salgadíssimos. Mas tudo pela foto de lá: todo mundo tem, não dá pra ficar de fora.

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    1. Olá,
      Só uma observação: a exposição do Bowie era expressamente proibido gravações ou tirar fotos, apesar de ter um ou outro visitante bancando o espertinho.
      Todo o material tinha os direitos autorais protegidos. 🙂

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  3. Cada vez mais é importante mostrar que “viveu” do que ter “vivido”, de fato. Acho que a exposição da Yayoi e o Paris 6 explicam muito bem isso. Pretendo ir ao primeiro, mas não sei se quero mais: queria conhecer a artista e a exposição. Só levo câmera ao museu em saídas fotográficas, para treinar o olhar de fotógrafo. Para fruição, cartarse e tal, prefiro ir com as mãos livres. Ao segundo, já fui. E olha só, consegui postar nada nas redes sociais… Sobrevivi!

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  4. Certa vez li um livro que falava de um cientista que construiu uma máquina do tempo, e na fase de testes, se transportou para a era dos dinossauros, pré-homem. Como não tinha descoberto ainda como voltar, ficou preso lá. E descobriu que várias constatações que tínhamos sobre os dinossauros no futuro eram falsas. Mas a quem ele ia dizer? O livro tratava exatamente dessa coisa da natureza humana: para que fazer se não tem alguém que possa ver? E as redes sociais só potencializaram isso…

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  5. Entendo que saiu um pouco fora de controle com as redes sociais, mas voce quer ir sabado a tarde faltando uma semana pra exposiçao acabar. Ai tambem nao dá pra achar que nao vai te fila e o pessoal do museu nao vai controlar. Fui numa terça, no meio da temporada e nao sofri nada disso. O segurança NAO APAGA AS LUZES, elas que apagam sozinhas, faz parte do ciclo das cores. Nao de sua opiniao sem saber o que realmente acontece. A exposiçao teve essa repercursao pq cada vez mais estao trazendo exposiçoes com interesse para todos, ela é totalmente visual, estao nao espere que as pessoas nao tirem fotos. Seu comentario totalmente elitista me deixa preocupada, se meninas de 15 anos querem tirar fotos com seus iphones 5 ok, pelo menos é um passeio cultural. Nao entendo como levar a cultura é ruim. Prefiro ver um museu com fila do que uma balada, uma loja de shopping, um bar. O paulistano está percebendo como dá pra ir aos museus sem ficar entediado.

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    1. Ayme, acho que não foi uma crítica elitista. Tanto que ele diz:
      “Eu sou a favor da popularização da arte, acho que quanto mais acessível melhor, e cada um interage com ela de um jeito diferente, não deve haver protocolos.”

      Mas eu mesma conheço muita gente que está louca para ir na exposição, e quando conto que Kusama é doente e vive em um hospital psiquiátrico etc e tal, estas pessoas nem sabem disso! Não há interesse sobre quem é a artista, ou o que está por trás de toda essa obra. É mais uma coisa de poder dizer que foi na exposição que é o ‘must’ do momento. É ver e ser visto. Sem necessariamente refletir sobre, ou interagir com. E isso não tem nada de construtivo mesmo…

      Além do que, pelo que tenho acompanhado as filas não estão ocorrendo só de sábado à tarde, mas sim, todos os dias. E é claro que os horários de maior movimento são aqueles tradicionais. Afinal, nem todo mundo pode ir a uma exposição na terça, às 15h.

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    2. Oi Ayme, concordo que nos últimos fds estava pior, mas nem todo mundo consegue fazer esse tipo de passeio durante a semana. Eu mesma, pela ‘infelicidade’ de ser publicitária e trabalhar todo dia até no mín 19h, e por um pouco de falta de atenção com o término da expo, confesso, deixei para o último fds e desisti porque a fila era de 5h. Não concordo que a visão aqui foi elitista, muito pelo contrário, mas por outro lado como quem gosta de arte, não me incomodaria em pagar para ver a exposição ou de entrar nela sendo proibida de tirar fotos e me fiz os mesmos questionamento “e se fosse pago? e se proibissem as fotos?’, posso apostar que eu teria entrado. O ponto é, as garotas de 15 anos podem ostentar o que quiser (eu tbm prefiro que ostentem cultura/ arte do que marcas ou shoppings), mas isso não as dá o direito de atrapalhar uma pessoa que está na exposição puramente pela exposição. É algo delicado. Como popularizar a cultura e popularizar os bons modos simultaneamente?

      Ao autor, parabéns pelo texto! Quanto desisti de entrar, voltei contente pra casa… mesmo sem ver a exposição, sinto que aprendi o que tinha que aprender sobre “obsessão infinita”, além de ter agregado mais uma artista para a minha lista de inspiradores. 😀

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  6. Há algum tempo venho pensando sobre isso, só não tive coragem nem tempo suficiente para montar um texto argumentando sobre esse assunto… mas que bom que encontrei alguém que pensa exatamente como eu, pois essa hipocrisia facebookiana é triste, todos têm vida perfeita, ninguém tem problemas, ninguém sofre, só vão à restaurantes japonêses, etc.
    Se é para escancarar a vida, vamos mostrar quem somos realmente, pois quem enxerga você por fora pode se surpreender com o que se passa por dentro.

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    1. Concordo que o fenômeno da selfie colaborou MUITO com a ida das pessoas à exposição. Eu, inclusive, fui convidada por amigos do meio, das artes plásticas, antes mesmo da exposição inaugurar: só fui no último dia, saí às 5h00 de casa para evitar pegar fila. Li pouco antes sobre Yayoi, até porque acredito que arte tem que ser intuitivo: se uma obra não fala por si, não me serve; a teoria a complementa, mas não pode impedir qualquer compreensão, por mais distante do intuito da artista que seja.
      Não gostei da exposição e fui criticada porque tem um viés sentimental atrelado à doença da artista que em muito apela pra que se comova com a exposição. Concordo que muitas das pessoas foram só pra tirar selfies mas: e daí? A cultura popular, disposta às grandes massas, são intuitivas demais e marginalizadas em igual proporção. Quem não conhecia, conheceu o Tomie Ohtake, no meio de um perímetro elitista da cidade. Na próxima exposição irá conferir, pode tirar uma ou outra selfie e, espera-se, se interessar pelo que está sendo exposto.
      Uma forma de elitizar tudo é achar que pra se ter acesso às mais variadas culturas é preciso conhecimento prévio. Concordo que pra quem conhecia Kusama de antemão as coisas ficaram muito mais agradáveis, mas não se pode saber sobre cinema francês, música holandesa, artes plásticas orientais e móveis escandinavos vivendo em locais que são fadados a um cinemark e um baile (que são manifestações tão legítimas quanto as supracitadas). Seja pra tirar foto e odiar, registrar e amar, não registrar e sair um PhD em Yayoi: as pessoas têm que ser mobilizadas, as pessoas têm que se sentir animadas para irem a redutos da classe alta paulistana, mesmo sendo gratuitos.
      Isso pode até ter parecido danoso a quem gosta de Yayoi, assim como me irritam os shows lotados de quem não sabe cantar uma música sequer dos meus cantores prediletos, mas pra que serve a arte se não para atingir o maior número de pessoas possível? Pra quem é interessante torná-la restrita àqueles que conhecem tudo de todos previamente? O selfer é menos publico que o crítico de arte?
      Não tenho as respostas, mas tenho certeza que Obsessão Infinita estava mais bonita nas selfies do que na exposição.

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  7. Me senti muito desconfortável também com as pessoas gritando e rindo alto nas instalações (o que pra mim estraga toda a experiência). Sobre as fotos, muita gente foi pra tirar foro na “sala das luzes” e desculpa, eu não vejo problema algum.. Acho errado ir numa exposição sem pelo menos pesquisar o nome inteiro da artista em algum lugar, mas pelo menos essas pessoas estão consumindo arte, coisa que a dois anos, se alguém falasse todos iam rir achando que era piada! Quem sabe assim a galera começa a querer conhecer mais.. Algumas pessoas SENTEM a necessidade de postar foto em todas as salas e em todas as poses possíveis, mas tirando a “sala das luzes”, isso não me encomodou. O que realmente me tirou do sério, foi ter que olhar pro quadro rapidamente e correr pra próxima tela porque as pessoas atrás estavam impacientes. Me parece é que você quer que as pessoas consumam arte, mas do jeito que você consome, como se o seu jeito fosse o certo e o dos outros errado. me desculpe se ofendi. Como eu falei, tem gente que precisa tirar foto, você não tem essa sina e não tem nada de errado nisso. Querer que as pessoas conheçam arte, mas sem tirar a bendita selfie não vai dar, infelizmente.. Eu tiro muita foto das obras(só as obras) pois gosto de ter comigo foto do que me chama atenção, seja para servir de inspiração para um trabalho ou simplesmente por ter achado bonito. Etodo lugar tiro foto do céu, de uma parede, de um animal.. Será que sou um “selfer”? Será que eu defendi esses “selfers” por ser um também?

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  8. Gostei demais do seu texto, porque é uma verdade que muitos não querem ver. Ou, pensando “romanticamente”, nunca pararam pra refletir a respeito.
    Não me excluo, infelizmente, em alguns momentos. A era do “compartilhar” está aí e ninguém pode negar. Só resta saber dosar, como você bem pontuou, e não deixar isso ser maior do que realmente deve ser.

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  9. Oi, Gabriel, tudo bem? Ótimo texto, parabéns. Você disse algumas coisas que eu também tinha sentido quando estive na exposição há coisa de um mês. Minha dúvida é: será que pra esse público que estava lá o cardápio cultural de SP é tão vasto assim? Vi muitas famílias, especialmente com crianças pequenas, se comportando como se o lugar fosse tipo uma Disneylândia, um parquinho (como você disse, muita gente tirando selfie, correndo e falando alto). Mas até aí, normal, nos museus dos EUA e da Europa você tem que abrir caminho em meio às pessoas fotografando se quiser ver direito uma obra. O problema neste caso – um dos, digo – é que nossa classe média ainda é muito mal educada, agressiva até no que se refere ao comportamento em espaços públicos. Quando fui na exposição, não tinha ainda esses avisos que você fotografou. Mas talvez tenha sido a única maneira dos curadores de lidar com essa demanda reprimida que fez lotar o Tomie Ohtake. O ideal seria, penso eu, se as pessoas já tivessem o bom-senso de não se demorar nas instalações, comportarem-se menos espalhafatosamente pra não atrapalhar lá em busca de algum grau de instrospecção, etc., para que não fosse preciso cartazes. Aí já falando nas maneiras do segurança, no tom dos cartazes, é uma outra discussão, embora eu concorde que sempre dá pra ser mais educado. Sempre. Anyway, acho que fenômenos como esse que você descreveu tão bem merecem ser discutidos. Abraço!

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  10. Tentei várias vezes ir à exposição também.Perdi, uma pena. Mas desanimava cada vez que via a fila quilométrica, pois sabia, por outros que já haviam ido ( e que não postaram fotos e nem fizeram selfies), que esse era o cenário que desfigurava o setting da arte da artista ( Como a japa se chama mesmo?). E também não acho que fazer selfies signfica estar incluído no mundo da arte, até então elitista, e tudo que se fala sobre, agora todos podem refletir, começar a conhecer, blá, blá, blá. Acho que a grande maioria foi para dizer que foi,para não ficar de fora e continuar perpetuando no mundo do face/fake, eu estive lá , mas nem sei os que quis dizer… pelo amor…Tenho tido várias experiências semelhantes em shows e eventos. Inclusive em alguns locais, as pessoas são convidadas a se retirar caso insistam em continuar clicando…

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  11. estava lendo a reportagem e gostando, porém percebo uma foto minha no meio das outras e fiquei muito ofendida. Ok, a foto é de um amigo, que realmente não conhecia o trabalho da “japa”, que me acompanhou na exposição. Mas que sei que estava interessado em conhecer a arte da Kusama. Somos ambos estudantes de arte, e realmente queríamos vivenciar a sensibilidade, e sofrimento da artista.
    Ao ler essa reportagem sinto que somos apenas parte de uma massa que não sabe diferenciar cultura de uma balada da moda, e quer ir a uma exposição somente pra pra aumentar o status social. Realmente me incomodei com algumas pessoas do local, não pela quantidade, ou pela espera das filas, já que considero que a arte merece ter livre acesso a todos, mas pela forma banal que elas tratavam as obras, pelo desinteresse notável pelo tema da exposição, pela evolução do processo artístico da autora, ou pela forma que a loucura e doença mental pode ser vista de outra maneira ao pensar no processo criativo. Realmente concordo que noventa por cento dos visitantes apenas queria se inserir na sociedade, e marcar presença na exposição que todos vão, mas me incomodo com a generalização. Conheço o trabalho da artista desde 2011 e a vinda dela para o Brasil foi uma das melhores notícias que tive.
    Sei que não é culpa de vocês mas fiquei realmente incomodada com a publicação da foto.
    Por último, queria me desculpar com o autor se o ofendi, pois não quero causar alardes. O texto é realmente bom e um retrato preciso do que a sociedade vem se tornando. É importante lembrar as pessoas que elas já não pensam ou refletem mais sobre a forma que levam suas vidas. A auto-exposição e o outro são sempre mais importantes do que nossos sentimentos. As pessoas se tornaram insensíveis; é tudo tão instantâneo tão efêmero. E não falo somente da forma que Bauman descreve a vida e os sentimentos líquidos. As pessoas não sentem mais fisicamente, comem sem sentir o gosto, andam sem sentir o vento, beijam sem sentir tesão. O homem contemporâneo já é tão controlado que não sabe mais sentir. Ou talvez, sinta muito, muita tristeza, solidão, depressão, complexo de inferioridade, necessidade de se auto afirmar sempre, para fingir uma felicidade nem sempre existente.
    E já que o tema permite, acho que podemos aprender muito com Kusama, uma artista que sofre de esquizofrenia, mas que usa a arte para poder vivenciar o mundo; que quebrou tabus enquanto morou nos EUA promovendo encontros nudistas de amor e arte. Acho que isso que falta em nossa sociedade; vivenciar o mundo, o amor, a arte. Talvez quando colocarmos nossas vivencias e experimentações pessoais na frente do pseudo prazer da exibição pessoal, poderemos realmente nos considerar vivos.

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  12. quero te dar um beso por esse texto. falou tudo o que eu pensava, sinto e que corrói dentro de mim. tinha uma blogayra que foi lá pra fazer o post de ~look do dia~. ela colocava o chapéu, se montava, e a amiga tirava a foto. depois, tirava tudo e passava reto.

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  13. Interessante sua observação. Sou estudante de artes e pela primeira vez tive a oportunidade de visitar os museus na Europa, para mim um deleite! Mas os clicks me enlouqueceram, como pode alguém passar por um obra e não apreciar os detalhes, privar se da beleza dos detalhes, da composição, das cores, da emoção para simplesmente fotografar, as vezes sem nem mesmo olhar e correr para a próxima?! Sentia um desejo louco de sacudi-las, acorda, filho! Seu momento, sua vida, VIVA! Mas mostrar que eu posso nas redes sociais parece mais importante. Fiz sim belas fotos, mas dos momentos mágicos vividos com meu marido, para podermos, nos momentos difíceis, lembrar que na vida há muito a ser vivido e que o desgaste diário acaba por nos afastar da felicidade. Ah! e claro, NUNCA esquecer que os olhos são, sem dúvida, a melhor máquina fotográfica.

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  14. Esse post merece ser divulgado em todas as redes… Vc conseguiu me representar, sério! Foi isso que eu pensei, quando tentei entrar na exposição… Mas não consegui ficar na fila esperando.. Parabéns

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  15. Olá!
    Gostei muito do seu texto e concordo com boa parte do que está escrito mas acho que posso contribuir com a opinião de alguém que teve uma pequena regalia.
    Eu trabalho em uma empresa que é parte do condomínio do Tomio Othake. Como uma gentileza, eles nos abriram um dia especial somente para vermos a exposição da Yayoi, sem filas, sem estresse e sem nada. Foi muito legal, pois do contrário eu jamais teria ido.
    No dia que fomos, alguns dos seguranças nos contaram que as filas chegaram a 4 horas de espera! O que eu concordo é absurdo.
    Conversando com algumas pessoas tem filhos na escola, soube que algumas escolas estabeleceram carga horária para preencher com cultura, teatro etc. Parecido com o que existe em algumas faculdades e alguns cursos. Prova disso, é que saindo na hora do almoço, vi todos os dias dezenas de adolescentes na fila com seus celulares e selfies. O que para mim, é perfeitamente compreensível afinal é a geração que nasceu com seus iphones, ipads e itudo, coisa que na minha época não tinha.
    Durante o passeio pela exposição, chegamos até a sala dos 20 segundos. Pudemos ficar mais do que 20 segundos, pois era um passeio exclusivo. O segurança nos disse: “Nos dias normais não dá não. É gente demais.” Então. claro concordo com você, sobre a parte do selfie e de postar nas redes sociais e etc etc etc.
    Se eu quero fotos da exposição? Quero sim, tirei como todo mundo tirou. O que eu acho é que não se pode condenar uma geração que tem muitas facilidades que naão existiam antes. Me lembro a primeira vez que fui no Masp. Ainda não tinha câmera digital e nem me lembro se podia tirar foto mas eu não tirei. Naquela ocasião, tinha uma exposição lindíssima de Renoir que amei e gostaria muito de ter uma foto que fosse. As fotos são lembranças e também uma forma de expressão, assim como a arte e assim como a opinião em um blog.

    Importante lembrar disso!

    Um grande abraço,

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  16. O segurança ñ apaga as luzes da sala, faz parte da obra, ela se apaga de vez em quando… ñ vejo nada de ruim em tirar foto…contanto que vc saiba do q se trata a exposição e saiba apreciar! Chama muito a atenção pelas corres e por ter uma sala interativa para os visitantes! Eu mesma tirei varias ftos pq gosto de fotografia, postei aprnas duas das salas q eu mais gostei! A parte dos quadros me chamou bastante atenção, duvido que esse tanto de gente q foi percebeu que tinha im quadro em que vc olhava e ele parecia que se mexia sozinho, incrivel como ela soube expressar tão bem suas alucinaçoes! Enfim ñ vejo mal em tirar selfie .. Foto e tal… Contanto q aprecie oq foi visitar! Outra coisa foda foi gnt tirando foto com flash nas salas de luzes! Rs

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  17. Perde quem gosta de arte, quem pagaria pra ver e não conseguiu entrar porque nos últimos finais de semana a fila era de 5h! Poderiam ter feito sessões onde os celulares fossem proibidos, talvez a fila seria menor e eu conseguiria ter visto!

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  18. Pela primeira vez as pessoas se interessam por arte (mesmo que superficialmente) e tem gente que não admite que isso aconteça.
    Veja bem, eu acho que se não temos pais que são muito ligados à (nesse caso) arte, dificilmente teríamos um interesse natural por arte de fato. Quando falamos do coletivo, acredito que é necessário um evento de ruptura pra despertar um interesse em determinados assuntos.
    Tomemos como base, por exemplo, os protestos do ano passado. Pra mim eles despertaram o interesse repentino sobre política em muita gente que não estava nem aí até então.
    Passada a “febre” dos protestos, ouvi (e até eu disse): “aah, o gigante voltou a dormir”. Fiquei até puto com a situação pq pra mim não mudaria nada.
    O grande X, na minha opinião, é que hoje vejo muito mais pessoas se interessando por política. Os protestos responsáveis por esse interesse repentino e IMATURO, trouxe posteriormente (até hoje) o assunto para mesas de bar, de jantar de família, de discussões em faculdades ou café do trabalho que, na minha opinião, é onde nós realmente conseguimos discutir e AMADURECER as ideias. Isso sem falar em estudos, e pesquisas.
    Onde eu quero chegar? Com a arte, pra mim, é a mesma coisa. Os museus em geral são pouco visitados, se não há um nome forte envolvido e divulgado no catraca livre, não se sabe nem o nome desses museus. De repente, vem a exposição dessa “japonesa que ninguém conhece” (como o próprio texto diz) e desperta (mais uma vez, mesmo que superficialmente) o interesse de muita gente em arte.
    Pois bem, se essa febre “obsessivamente infinita” for o evento de ruptura que vai fazer com que a arte seja mais valorizada de forma MADURA daqui a 1 ano, por exemplo, que assim seja. Qual é o receio do interesse de massa por arte?
    Se não for para democratizar interesse/conhecimento, sou a favor de um teste de aptidão ou psicotécnico pra entrar no museu, em um show ou em um cartório eleitoral.

    Mas isso é só a minha opinião… =)

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  19. Concordo com o Eduardo.
    Cada pessoa deve consumir arte, e tem o direito disso, da forma que achar mais agradável.
    Toda atitude/comportamento que temos, seja ela no Parque, no Shopping, no Bar ou na exposição Tomie Ohtake, são derivadas de uma cultura/educação que nos foi mostrada, ensinada e vivenciada até aquele momento. Se é certo ou errado, não cabe a nós julgar, mas sim a própria pessoa.
    Isso não é sociologia, isso não é psicologia, isso não é filosofia. É respeito ao próximo!

    Quanto a atitude do segurança de te deixar ficar na sala por apenas 15 segundos, acho uma completa falta de respeito à sua forma de lidar com arte, que foi comparada a das demais pessoas, onde 15 segundos bastavam. Apesar do segurança também não ter culpa disso, pois ele foi orientado a agir assim.

    Uma coisa é fato, a partir desse ano, as respostas as pequisas “em quantas exposições de arte você foi esse ano?” terão resultados diferentes, e independente da forma que isso foi feito, já esta sendo ótimo.

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  20. A população está sofrendo de um emburrecimento cultural, sendo que só as coisas fúteis prevalecem na vida de certos indivíduos. Por isso a importância da educação. Quando eu estava lendo os rascunhos e textos de biografias, parecia que estava vendo algo sem importância, devido à concentração de público em outras salas ou exposições, digamos como “interativas”.

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  21. Esse artigo é pra uma parcela das pessoas que foram à exposição se sentirem melhores do que as outras? É engraçado né, o autor não conhecia a artista mas tem toda uma opinião formada sobre como as pessoas deveriam consumir a obra dela com mais eficiência e dignidade. O povão é culturalmente pobre e não consome arte, mas quando consome, faz do jeito errado. Quanto preciosismo por algo que você nem vive na pele realmente, quanta mitificação do “verdadeiro” intelectual…

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  22. Aí vão algumas perguntas para que todos pensem a respeito, mesmo porque tive parte destes sentimentos enquanto visitei a exposição:
    – se é a favor da popularização da arte, por que te incomoda tanto as pessoas agirem desta forma? Cada um tem uma reação e, acredite, para muitas destas pessoas é a única oportunidade de visitar uma com tal proporção
    – as pessoas gostam de compartilhar o que fazem e o que as motiva, ou não, a dividirem este conteúdo é problema de cada um. Estamos no século XXI, é indiscutível a relevância destas ferramentas no dia a dia das pessoas e, se não fosse por elas, talvez as pessoas não teriam acesso à cultura;
    Sinceramente, minha opinião é: quanto mais as pessoas tiverem acesso à arte, seja ela da forma que for, melhor. Se for multiplicado por milhões de fotos de falos com pintas vermelhas, milhões de luzes, tanto faz…. Não acredito que restringindo o acesso por preço para os “reais” apreciadores seja benéfico para a população (quem são estes reais apreciadores, por favor? Sem preconceitos e falso moralismo).
    Outro ponto, assim como os posts de fotos e textos para atraírem mais público e fans, aqui está seu próprio texto com o mesmo fim!
    E viva a tecnologia e as mídias sociais
    Abraços

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  23. Não tive interesse em visitar esta exposição nem conheço o contexto em que ela foi promovida e organizada, mas deixo aqui meus dois centavos.

    Talvez seja possível olhar para a coisa a partir de outra perspectiva, sem tentar culpabilizar os visitantes — o que fatalmente tem gerado uma postura arrogante e referendadora da ultrapassada cisão entre cultura de massas e cultura erudita. Não faço ideia de como a exposição foi financiada (se por patrocínio, captação de recursos, etc), mas os eventos artísticos no Brasil têm se guiado segundo a lógica de publicação de editais e de captação de recursos via renúncia fiscal de empresas.

    Neste cenário, de um lado, interessa pouco a certos promotores que o público de uma exposição seja expressivo: as obras circulam em meio ao sistema da arte quando escolhidas por certos curadores para estar na exposição (e, portanto, valorizam-se), são vistas por um público selecionado (mesmo que em exposições gratuitas) e são financiadas por um dinheiro que, em última instância, é público (visto que resultado de renúncia fiscal) mas que acaba contribuindo apenas para interesses particulares. O número de visitantes (em princípio) não é um fator relevante, pois o número de visitas não possui qualquer efeito enquanto avaliação de desempenho (o que, em princípio, é bom, mas por motivos enviesados).

    No entanto, por outro lado, o número de visitantes passa a ser um fator importante quando o que está em jogo é o cumprimento de requisitos para participar de editais futuros (quando uma instituição mostra que atraiu muito público em exposições anteriores) ou para solicitar verbas específicas públicas. Público, neste caso, vira gado.

    Isto tudo gera um cenário em que as instituições simplesmente não sabem como lidar com um público expressivo (acostumado a consumir apenas a tal “indústria cultural de massas”), seja porque este público simplesmente não era previsto, seja porque quando ele é previsto ele é tratado apenas como número. Entre o consumismo cultural potencializado (capitalizado pela quantidade de selfies produzidos) e o elitismo total (caracterizado por exposições vazias, mal divulgadas e despreocupadas com público), parece não haver atitude intermediária.

    Acho que isto explica um pouco o limite de 20 segundos de apreciação da obra (embora eu nada saiba a respeito da curadoria, da organização da exposição nem da capacidade de gestão do instituto — estou apenas especulando): no fundo, a instituição parece querer dizer que ela não está nem aí para aquele público e seus anseios sobre a obra, nem disposta minimamente a dialogar com o desejo obsessivo por selfies — já que está na moda, afinal, museus falarem tanto em mediação cultural e em reconhecer a cultura visual dos sujeitos que os frequentam. A atitude parecia ser simplesmente a de contabilizar visitantes, ignorando completamente (de forma cínica?) os desejos de seu público.

    Guardadas as devidas diferenças de escala e contexto, não me parece algo muito distinto da maneira usual com se lida com a exposição de obras como os Bichos de Lygia Clark ou de peças como os parangolés e similares. Não se trata apenas de uma desvirtuação dos sentidos atribuídos à obra pelos próprios autores (algo que nem deveria estar em questão, pois sabemos que a obra é autônoma de seus autores), mas do reconhecimento por parte das instituições de que a exposição serve simplesmente para a auralização dos objetos, não para sua difusão, apreciação ou fruição.

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    1. Enfim, incomoda-me sobretudo esta atitude do tipo “eu já gostava disto antes de virar moda” ou “o meu jeito de fruir a obra é mais correto que o desta gentinha que está apenas interessada em selfies.”

      É, no fundo, a afirmação do velho desejo de nossas elites em tomarem como exclusivos seus certos espaços de sociabilidade e consumo.

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  24. Olá! Meu nome é Sarah e eu fiz uma performance artística na exposição da Yayoi Kusama com o tema “Selfie-Obliteration”. Já era familiarizada com o trabalho da Yayoi antes, e uma das suas premissas é justamente “ser um com o ambiente” e participar das obras. Tentei ver até que ponto as duas obsessões (com a auto-imagem e com as suas obras) eram compatíveis e até que ponto eram questionáveis, procurando fazer parte das obras e me inserir no contexto delas e não só ter um pano de fundo pra uma foto e sim fazer parte dela. Enfim, achei pertinente com o post e fica aqui a minha performance pra quem quiser ver http://theneonlightning.blogspot.com.br/2014/07/selfie-obliteration-yayoi-sarah-e.html

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  25. Adorei seu post,é bem isso mesmo,as pessoas perderam o senso do ridículo e atrapalham os mais interessados na obra!mais fazer o que né!

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  26. É a velha piada do cara que esta preso em uma ilha com a Megan Fox, depois de alguns dias ficando com ela, ele pede pra ela se vestir de homem e encontrar ele do outro lado da ilha, chegando lá ele diz pra ela: cara, você não sabe quem eu estou pegando. Isso já não me impressiona mais, entendo que seja uma vontade inata do ser humano mostrar que está bem, que está feliz, que é inteligente e antenado, isso da a ele uma vantagem pessoal e ate biológica.

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  27. Concordo em gênero, número e grau. Ao ler o texto se nota que a intenção não foi essa, mas em alguns trechos os comentários pareceram um pouco elitista. Não é uma crítica, pois, acredito que não seja este o posicionamento, porém outras pessoas também notaram.

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  28. Jura!? No que você, que foi a exposição e ficou fotografando – ou apenas observando – o comportamento dos outros, difere de quem foi e tirou um monte de selfie?

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  29. Sabe o q é mais louco? Q fomos todos pra ver a obsessão infinita da japa e nos perdemos na nossa própria obsessão infinita de selfies! Eu adorei o texto e senti todas essas sensações q vc citou! Agora estamos com a exposição do castelo ratimbum q teve um movimento nas redes socias bem parecido e que na primeira semana não passava nem carro nas ruas por causa das filas! Mas achei bacana q a organização do museu mudou a maneira como receber o pessoal! Vc marca hora e tem um limete de pessoas por horário! Ai vc consegue ver todos os cenários com calma e viajar no tempo!!!!

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  30. Quando prestei artes visuais todos falavam merda… Porem na hr de ter status com o trabalho alheio todos querem. Acho insuportável alguém ir a uma exposição apenas para tirar fotos, ninguém presta atenção no que o artista realmente quer passar. A bagagem cultural adquirida nas exposições se foi, eles não ligam mais para isso, o importante é tirar fotos bonitinhas!

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  31. Muito bom o texto, acho válido em algumas questões, outras me pareceram faltar reflexão. Acompanhei também a exposição e creio que qualquer amante de fotografia procura exposições como está, rica em cores, detalhes e repetições. A questão da exposição não ser paga me pareceu um encomodo no texto, quando particularmente acho algo maravilhoso, como disse tem inúmeras exposições gratuitas em SP, acompanhei parte delas e todas estavam cheias (não tanto quanto da Yayoi Kusama e nem com tantas selfies) mas me senti orgulhosa de certa forma. Creio que quando um artista se propõe a fazer uma exposição aberta ao público ele está ciente de que nem todos presentes vão ter a reflexão esperada e nem a paciência de ler sobre o trabalho envolvido, como foi o caso nessa exposição. Vi pessoas ansiosas para entrar e sair das salas, tanto quanto o pessoal que estava lá apressando, foram poucas as pessoas que vi lendo as informações sobre o trabalho nas portas das salas e me perguntei: como? Como pode alguém suportar todas essas filas pra nem mesmo tentar entender o que se passa por trás de todas essas bolinhas? Hahaha, bom, vai entender. Talvez seja bom fotos em redes sociais para a divulgação de exposições, afinal por melhor que seja a foto nunca irá passar a sensação real de estar em uma intervenção fisicamente. Bom, não tenho uma ideia muito bem formada a respeito.

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  32. que delícia ler esse texto e descobrir que eu não sou a unica louca que acha uma pena esse movimento cada vez maior de que é preciso registrar (e mais que isso: mostrar) para existir

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