O que tem por trás do hype do “jornal Supreme”?

A marca de roupa Supreme comprou a capa do jornal New York Post na semana passada. A edição esgotou em vários lugares. Um exemplar custa $2,75 e no mesmo dia já tinha gente vendendo no E-Bay por $10, como lance inicial. Em uma matéria que li, uma pessoa de 18 anos disse que essa foi A PRIMEIRA VEZ que ela comprou um jornal na vida.

O primeiro pensamento que muita gente teve foi também uma crítica: quão idiota você tem que ser pra comprar uma propaganda?

A “descoberta”, pelo internauta médio, de que o Facebook usa seus dados para te oferecer anúncios customizados causou comoção, fez um monte de gente abandonar a rede. A Netflix começou a fazer meros testes de anúncios entre episódios, com vídeos curtos sobre o próprio catálogo, e todo mundo criticou. Em 10 anos, o número de downloads do Adblock Plus ultrapassou os 500 milhões. Afinal, parece que todo mundo odeia propaganda, não é?

Acontece que o caso da Supreme não foi uma propaganda comum. Aliás, talvez nem seja uma propaganda.

Lembro muito bem no final dos anos 1990, lá em Belo Horizonte, da briga entre Telemig Celular (mais tarde adquirida pela Vivo) e Maxitel (mais tarde adquirida pela TIM) pelos nossos celulares. Se não me falha a memória, foi a Maxitel quem comprou a capa do jornal Estado de Minas um dia e colocou no anúncio um copy dizendo que ela era “a única que cobria todo o estado de Minas”. Meus atuais amigos publicitários paulistas diriam: “puta sacada, meu!”

Se é em sacadas assim que você pensou quando viu o anúncio da Supreme, esqueça. Não tem nada a ver com isso.

A marca de roupas e skate é de Nova York, foi fundada em 1994, tendo hoje praticamente a mesma idade de seu consumidor. Ela já teve colaborações com marcas como Nike, Vans, Clarks, Playboy, Levi’s, Timberland, Comme des Garçons e teve um crescimento enorme com o Instagram e suas celebridades: Justin Bieber, Lady Gaga, Gucci Mane, Nas e o fotógrafo Terry Richardson são só alguns dos notáveis fãs da marca. SupTalk, um grupo no Facebook para compra/venda de peças usadas da marca, tem mais de 60 mil membros.

Parte da popularidade da marca vem exatamente da logo (provavelmente copiada da arte de Barbara Kruger) ter em si uma facilidade de duplicação: basta uma palavra na fonte Futura Heavy Oblique e um fundo vermelho para você fazer a sua paródia. E como dizia Pablo Picasso, ser contra um movimento já é fazer parte dele.

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A fórmula do hype é a alta demanda e a baixa oferta. Como bem disse a Vice UK, o que mantém o burburinho ao redor da marca é exatamente o burburinho ao redor da marca!

Embora tenha sim se distanciado um pouco do seu ideal skatista do começo (se é que teve), eles conseguiram – com as redes sociais – construir brand lovers que nunca tinham sequer encostado em uma peça de roupas da grife. Nunca. Até agora.

Com certeza esses jornaizinhos (os que não acabarem emoldurados em apartamentos decorados com cabeças de veados e costelas-de-adão) vão valer cada vez mais dinheiro.

A explicação é que o jornal com a logo da Supreme na capa não é um jornal com um anúncio na capa. Eles transformaram o New York Post em um produto Supreme. Aliás, em um produto Supreme original, e que custa menos que 3 dólares.

Melhor: em um produto Supreme original que custa menos que 3 dólares, o que teoricamente o tornaria acessível, mas que foi vendido apenas durante um dia. Lembra do que falei sobre hype ser alta demanda e pouca oferta? Eles mostraram pro mundo inteiro esse poder: nem produzindo uma peça na mesma quantidade da tiragem de um jornal popular e nem custando baratinho eles dão conta do quanto eles são procurados e queridos pelas pessoas.

Gênios.

PS: se esse universo te fascina, recomendo o documentário “Fresh Dressed”, disponível na Netflix.

Foto no topo: @DropsByJay

Texto originalmente publicado no Linkedin

O (primeiro) dia que eu usei uma saia

Desde que Laerte disse que era crossdresser, lá em 2011, me interessei no assunto. Hoje Laerte se identifica como mulher, mas na época ela apenas flertava com peças de roupas femininas e saía por aí usando saias, saltos e anéis, ainda se reconhecendo no gênero masculino. Achei aquilo muito legal e corajoso, mas mais do que isso, achei bonito. De brinco e de saia, Laerte arrasava, e então comecei a prestar atenção nisso. Especialmente depois de ver uma entrevista em que diz o seguinte:

Na verdade, a minha convicção é que todas as pessoas gostariam de experimentar muito mais do que aquilo que os códigos sociais permitem, recomendam e limitam. Em se tratando de roupas, acho que as pessoas gostariam de frequentar outros parâmetros e outras áreas também. A vontade de vestir roupas femininas é muito mais frequente do que se imagina. As pessoas sofrem muito por não fazer isso, por achar que é uma vergonha ou algum tipo de diminuição. Vestir uma roupa feminina é contestar um parâmetro de gênero que vigora na sociedade. No limite, é uma coisa política. No fundo, é uma contestação de proposta de mudança. Mas é um prazer meu também”.

Pesquisando sobre o assunto, achei muitas imagens legais e resolvi criar um tumblr só para elas, que batizei de Dressed Boys, uma piada com a expressão em inglês que quer dizer “vestido”, tanto a peça de roupa (“dress”) quanto o estado de estar usando qualquer roupa (“dressed”). Por causa dele, até servi de fonte para uma matéria do Internacional Business Time sobre o fim dos gêneros na hora de se vestir.

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Jadens Smith para a Louis Vuitton

Mas percebi que apesar de apoiar essa fluidez, eu estava fazendo bem pouco à respeito na minha vida. E tudo bem, eu sei que posso apenas admirar o movimento, sem fazer parte dele. Mas me sentia um pouco hipócrita de ficar aplaudindo gente que fazia algo que eu não apenas apoiava, mas que eu queria (e podia) fazer.

Então fui lá e fiz.

Saí da minha casa, entrei numa loja feminina que tinha provadores unissex (o que já achei super legal) e experimentei uma saia. Longa, preta, linda e barata (39 r$, Forever 21). Experimentei usar essa saia pra ver como eu me sentia (comigo mesmo e em relação aos outros). E tudo saiu muito melhor do que eu imaginava que seria.

Passei uma adolescência sendo xingado na rua por caras dentro de carros e caminhões. “Bicha”, “viado” e “emo” eram as palavras que eu mais ouvia, na luz do dia, indo ali no supermercado do meu bairro, um bairro familiar e recheado até o talo de igrejas protestantes. Na medida que cresci, isso diminuiu, mas eu não sei bem o motivo, talvez eu estar em outro bairro, outra cidade, eu não ter mais franja? Só sei que acreditava que usar uma saia na rua poderia ser o mesmo que pintar um alvo na testa – mas não foi. Desfilei sem problemas com ela na mesma avenida Paulista onde um gay foi atacado com uma lâmpada fluorescente na cara (falando nisso, o agressor foi condenado a 9 anos de prisão, mas está foragido). No meu caso era dia, é verdade. Eu não estava sozinho, é verdade. Mas ninguém pareceu se importar mais com minha roupa que eu mesmo.

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Eu de saia (Instagram: @gabrielkdt)

O caminho despertou olhares curiosos do porteiro do meu prédio, mas nem um pio do motorista do Uber que me levou até a casa de uma amiga. Lá, ela adorou o look. De lá, fomos a pé para a casa de outros amigos, passando antes numa padaria. Na reunião de colegas (todos heteros e cisgêneros, que eu saiba) ninguém falou nada. Achei bem educado da parte deles: eu nunca tinha usado saia na vida, era óbvio que havia um elefante branco na sala, mas ninguém quis comentar nada, talvez com medo de que até um elogio pudesse soar preconceituoso – eles sabem como eu sou uma maquininha de problematizar – ou que tudo poderia virar um texto depois.

Fui deixado na sala só com um dos casais e fiz uma piada sobre eles estarem bebendo a cerveja sem nos incluir e brinquei: “agora eu eu tô de saia eu tô me sentindo muito mais no direito de ir lá botar eles de castigo, igual mãe”. Só quando eu falei sobre, os outros falaram: “Inclusive, você está muito elegante”, me disse um dos amigos.

Eu sei que estou analisando um universo minúsculo aqui, mas achei tão legal saber que estou cercado de pessoas assim, sabe? Elegantes foram eles em não rirem, debocharem e até em nem reconhecerem a existência da peça como algo diferente antes que eu mesmo falasse sobre o assunto. E não é assim que devia ser sempre? Eles sabem de cabeça uma regra que eu costumo divulgar: sua opinião sobre a aparência de uma pessoa não precisa ser verbalizada a ninguém, muito menos à pessoa – a menos que ela te pergunte sua opinião.

A saia é super confortável, mas me trouxe vários grilos que nunca tive usando peças masculinas, como prestar atenção no quanto minhas pernas estavam à mostra, como sentar no sofá sem minha cueca aparecer, como andar no vento sem ela se prender em algo ou mostrar minha bunda, e por aí vai.

Mas de qualquer forma, achei libertador usar e recomendo a todos os homens que experimentem e quebrem seus preconceitos. Valerie Steele é uma das autoras de “A Queer History of Fashion: From the Closet to the Catwalk” (Yale University Press, 2013) e afirma que as campanhas com mulheres usando calças no século XX foram bem recebidas, mas as campanhas com homens usando saia ainda não. “Se os homens estão no poder, sempre há um limite para o quanto eles querem parecer os não-poderosos”, disse.

Vamos mudar essa situação? Sua masculinidade não depende do que você veste, cara.

“Travestis são homossexuais?”, cena do filme “Tudo Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo (Mas Tinha Medo de Perguntar)”

Homens de saia

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“Nem todo menino quer ser um soldado”

Há algum tempo mantenho um tumblr inspiracional chamado Dressed Boys. São inúmeras imagens de homens usando trajes que culturalmente dizemos que são apenas para mulheres. Eu seleciono as que eu acho mais bonitas – seja por pura estética ou por algum motivo político mesmo. Por causa desse site, uma jornalista do International Business Times me entrevistou para uma matéria muito interessante sobre o fim dos gêneros na moda. A matéria completa pode ser lida aqui. Mas como muita coisa ficou de fora e eu tinha todas as perguntas e respostas salvas no meu e-mail, resolvi traduzir para português a conversa e colocar aqui.

Laerte na capa da revista Bravo!

Eu amo seu blog. Há quanto tempo ele existe e o que te inspirou a cria-lo?

Obrigado! Eu o criei em setembro de 2011. Aqui no Brasil há um famoso (e genial) cartunista chamado Laerte que, um ano antes disso, tinha decidido posar como mulher na capa de uma revista. Na verdade, ele usava apenas brincos e unhas com esmalte, mas desde então ele começou a falar cada vez mais sobre crossdressing e como esse desejo lhe era comum. Com o tempo, incorporou mais e mais peças femininas e, hoje, Laerte se identifica como mulher. Ela mudou muito da minha própria percepção de gênero e quanto mais eu pesquisava sobre o assunto, mais imagens interessantes eu achava. Então eu quis criar um lugar para colecionar todas, e assim nasceu o tumblr.

Por que esse interesse em imagens de homens usando roupas que não são apenas calças/camisas? Por exemplo, por que você gosta de saias?

Primeiro pois eu acho bonito. É desafiador e sexy de um jeito não-óbvio. Acho que não só mostra que a pessoa está em contato com seu lado feminino, mas na verdade com ela mesma. E a dualidade me atrai também. E gosto de pensar que tudo ao nosso redor é apenas comportamento cultural, ensinado. Como cultura, a gente sempre está fazendo algo não necessariamente por gostarmos, mas pois foi o que aprendemos que é certo. Homens usavam roupas bem parecidas com vestidos e saias na Grécia antiga, por exemplo. As coisas mudaram, mas não se tornou “errado” homem usar saia, é só incomum, a gente pode trazer elas de volta. Eu conheço caras que experimentaram saias e acham que elas são muito mais confortáveis que, por exemplo, um skinny jeans.

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Eu usando salto pela primeira vez

Você acha que o jeito de se vestir dos homens modernos é limitado? Você usa vestido ou saias ou outras roupas femininas, acessório ou maquiagem?

Eu acho que o jeito de se vestir dos homens fica limitado por causa do contexto social. Se um cara vai trabalhar em um escritório mais careta com uma blusa pólo cor-de-rosa, é bem provável que os colegas de trabalho apontem e façam piadinhas com ele, o chamando de gay ou algo assim. Mas se o cara estiver em um show de metal, ele pode usar maquiagem e esmaltes pretos e ninguém vai falar nada. E se você usar salto alto numa Parada Gay o mais provável é que todo mundo te elogie.

Eu mesmo não uso muitas coisas femininas: lembro de ter passado batom em algumas festas, mas basicamente só isso. Mas de vez em quando compro roupas na parte feminina de certas lojas – as peças lá caem bem e têm mais variedades de textura e estampa. As seções masculinas podem ser meio tediosas.

Você mora no Brasil – tudo isso é mais aceitável por aí ou é um tabu como aqui nos EUA? (Eu vivo em Nova York e já morei em Nova Orleans. Aqui é um pouco menos “chamativo” do que seria, digamos, em certas parte do Texas)

É um super tabu. Eu acho que o Laerte está ajudando, fazendo as pessoas pensarem um pouco mais na questão, mas é um movimento lento em um grupo pequeno de pessoas considerando a população do país. É impossível sair de saia por aqui sem ser apontado ou incomodado por alguém na rua pelo menos uma vez. No tumblr, eu deixo aberto o link para quem quiser me enviar fotos que acharem. Mas melhor que isso, tem muitos homens de todas as partes do mundo que me enviam fotos deles mesmos usando saias ou salto, o que é bem legal. Mas reparei que quase nunca são fotos em público, eles estão sempre em casa sozinhos. Aqui em São Paulo, tenho amigos que usam salto e/ou maquiagem na noite, mas não são coisas do dia a dia deles. E é curioso pois no nosso Carnaval é quase que tradicional que homens se vistam de mulher, mas é apenas uma semana por ano e parece que nunca a festa traz discussões profundas sobre o tema – e acho que devia trazer. Nesse ano, por exemplo, tinha um cara vestido de princesa na rua e um grupo de gays passou do lado e mexeu com ele (acho que gritaram algo tipo “que princesa gata!”) e ele apelou, chamando os caras de bichas, viados, e palavras piores! É tão complicado… É muito confuso para heteros, que nunca tiveram que lidar com nenhum problema de identidade de gênero ou orientação sexual, terem que entender de uma vez casamento gay, transgêneros, crossdressing… É muita informação nova, muitas vezes sem nenhuma contextualização ou conhecimento prévio (pois nada disso é conversado por pais ou nas escolas), para quem nunca precisou pensar em nada que não o próprio umbigo. Eles confundem os conceitos, misturam, às vezes são preconceituosos até sem perceber. Você precisa repetir tudo de novo toda hora.

Rodrigo Faro

Você está vendo isso aparecer mais em revistas/blogs que você lê e segue?

Sim e amo isso! Sempre digo que programas de TV e revistas são caixinhas de estilos de vida. Então ter homens de saia nesses lugares ajuda a naturalizar essa escolha de roupas – mesmo que esses ensaios sejam com intuito de ser apenas ambíguo, do cara ainda ser “macho” por baixo da roupa de “mulherzinha”, sabe? De qualquer forma, é um passinho mais perto da formação de uma moda com gêneros menos definidos. E, o mais importante, liberdade e uma economia de questionamentos e dores e dinheiro de terapia para os homens que têm vontade de usar essas roupas e fazem escondido ou nem fazem – pois acham que isso significa que eles são doentes ou necessariamente gays.

Jaden Smith: o filho de Will Smith virou notícia ao aparecer frequentemente usando saia – inclusive no seu baile de formatura, ao lado da namorada

Então, você acha que homens que usam vestidos e saias são gays? Você acha que alguém como o Jaden Smith (que eu acho que é hetero) vai tornar isso mais aceitável.

Eu acho que a maioria dos homens que vemos de saia hoje em dia são gays, mas porque eles estão mais acostumados a brincar com os papéis de gênero, mais confortáveis em serem ousados, e se importam menos com a opinião alheia – eles já passaram por muitas coisas e piadinhas, o que vai ser uma a mais em troca de conforto?

Mas entendo que isso ajuda também a confundir os heteros. Eles pensam: “bom, Bruce Jenner usa vestido, mas ela é um mulher agora! Andrej Pejic se veste como mulher, mas ele realmente parece ser uma. Marc Jacobs usa saia, ah, mas ele é gay”. Entende? Não tem ninguém igual ele usando saia por aí – ainda. Eles sentem que têm algo a perder, como se ninguém fosse respeitá-los nunca mais como um homem hetero se ele passar batom uma vez. Por isso eu posto imagens de famosos no tumblr também: Brad Pitt, The Rock e todos os membros do Nirvana e do Red hot Chili Peppers já posaram usando vestidos e são todos heteros, que eu saiba. Eles mostram que é “ok to play”.

Meu não-pertencimento fashion voluntário tem nome

Dia desses cheguei no meu trabalho todo vestido de preto, meio que sem querer. Uma amiga observou e eu fiz piada: “É pra combinar com minha alma”. Pouco tempo depois, revi um amigo americano que mora na Suécia. Dentro de sua mala, só roupas pretas, brancas e cinzas. “Fica mais fácil combinar”, me disse. “E outra: quando você usa uma peça com cor ou estampa, as pessoas percebem bem mais”. Achei bem interessante esse jeito de pensar.

Alguns meses depois, minha máquina de lavar resolveu que tinha cansado dessa vida de serventia e parou de funcionar. Minha falta de tempo em procurar quem a consertasse fez com que a pilha de roupas sujas na minha casa ficasse do tamanho da minha vergonha ao olhar pra ela. Sem dinheiro pra ficar esbanjando nas lavanderias, precisava priorizar e lavar apenas peças íntimas e aquelas que eu usava mais. E aí constatei: todas eram pretas.

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Eu no espelho, foto do meu Instagram: @gabrielkdt

Uma pesquisa chamada Unfashion diz:

A grande fábrica de tendências que se tornou a indústria da moda vem provocando um cansaço geral nas pessoas. O consumidor não tem tempo de acompanhar as novidades, e os criadores não conseguem gerar ideias novas em espaços tão curtos de tempo.

Segundo o estudo, com isso surge um interesse maior por peças clássicas e por uma neutralidade estética. No meu caso tem a ver com praticidade e, simplesmente, falta de vontade de comprar roupa. Não é que eu não goste de fazer compras (eu adoro!) mas me faz mais sentido, de forma prática, gastar meus centavos em peças básicas da mesma cor, pois elas são capazes de migrar por diversas estações – ao invés de gastar o dobro desse dinheiro em peças que vão durar bem menos, seja pela estética datada ou simplesmente pela qualidade duvidosa do material. E, cá entre nós, na maior parte das vezes eu também não tenho dinheiro pra comprar a roupa trendy com rapidez, na época que ela é ainda a trendy. E se a regra do mundo fashion é nunca ser o primeiro nem o último a usar uma tendência, prefiro ficar completamente fora desse mundo.

Quase sem querer, observei meu armário ser invadido por peças básicas e pretas, com um ou outro jeans azul. Enquanto isso, minhas cuecas e meias foram ganhando mais cores e modelos – sinto que estou me vestindo mais para mim mesmo atualmente, e menos para os outros.

Desfile Ashish 2013

Mas como fica então essa ideia de que o que você veste é um reflexo da sua personalidade?

Bom, o que conecta minha aparência com meu caráter ou pensamentos, atualmente, são minhas tatuagens, eu diria. Talvez também meu cabelo. Mas tanto quanto eles, talvez mais, é meu jeito de me portar mesmo. Involuntariamente me camuflei de uma maneira que quem quiser saber algo sobre mim deverá, supostamente, interagir comigo. Quando isso não acontece, fico eu aqui e o outro lá.

Mas/e, no topo disso tudo, apareceram no meu guarda-roupas um casaco azul piscina, uma calça preta com a boca alaranjada e minha mochila azul marinho foi substituída por uma roxa vibrante. Talvez a soma de tudo isso diga algo sobre mim por si só, enfim.

O armário neutro e básico tira muitos rótulos de uma pessoa. Arranca dela tribos urbanas (se é que elas existem ainda) e, pelo menos em teoria, certos pré-julgamentos. É um não-pertencimento voluntário. Dá uma sensação (equivocada*) de estar alheio ao mercado fashion, às tendências e à auto-promoção por aparência.

*Equivocada pois o mundo é grande e até os contra-movimentos já foram catalogados, meu amigo.

Cena do filme “O Diabo Veste Prada” (The Devil Wears Prada, 2006)
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O armário da Mônica, personagem de Maurício de Souza

As coisas estão mudando. Muito e muito rápido. E uma parte importantíssima das últimas mudanças tem a ver com uma lista longa: mais preocupação com a matéria-prima das roupas, com as condições de trabalho das fábricas, com a durabilidade das peças e, além disso tudo, com conforto.

E esse conforto, segundo a pesquisa que citei lá em cima, bate muito nas evoluções que a gente está fazendo em relação a identidade de gênero. Nunca se falou tanto de crossdresser e androginia, por exemplo, e esses dois conceitos têm muito a ver com estar confortável naquilo que você veste, independente de estar ou não seguindo febres fashions. É o que chamam de normcore.

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CEO do Facebook escolhendo a roupa do primeiro dia de trabalho na volta da licença-paternidade

Normcore é a junção de “normal” + “core” (centro ou cerne, do inglês). É, no significado mais amplo, alguém que não age influenciado por estilos e tendências. O termo foi criado pela empresa de pesquisa de mercado K-Hole sobre youth mode para designar pessoas que até percebem que um item está na moda, mas não querem seguir a tal moda especificamente – ela até pode usar um artigo dessa moda, mas não com o objetivo de seguir a tendência, mas por simplesmente ser confortável.

Isso, somado ao fim dos conceitos de gênero (que vai demorar pra chegar mas está vindo), torna normal o aumento de interesse por peças clássicas e por neutralidade estética. Já é possível ver lojas com alas de roupas que estão simplesmente “ali”, ao invés de estarem no lado masculino ou feminino da loja. E, claro, muitas marcas (em sua maioria marcas novas) fazendo questão de contar sobre suas condições de trabalho, materiais diferenciados e não-preconceitos na hora de contratar executivos e até modelos.

O futuro é uma versão menos maluca que aqueles macacões prateados dos filmes de ficção das décadas passadas, mas aparentemente está mais para esse lado do que para qualquer outro.

Resumindo: é, meu armário só tem preto – e está tudo bem, gente.

Uma obsessão infinita: a opinião alheia

Yayoi Kusama é uma artista plástica japonesa nascida em 1929 que já fez de tudo: pintura, vídeos, instalações, esculturas e performances. E, dentro de cada um desses itens, coisas muito diferentes – entre si e dos demais. “Obsessão Infinita” é a primeira retrospectiva de sua obra a ser apresentada na América Latina e reúne mais de 100 itens, uma curadoria que vai de 1950 a 2013.

Claro que eu não sabia de nada disso, copiei do programa da exposição. Aliás, até dia desses, nunca tinha ouvido falar nessa mulher. Mas tudo bem. Não sou mesmo a pessoa mais ligada em arte, minha ignorância no assunto não faz nada a não ser justificar sua própria existência.

Mas esse não parecia ser o caso de todo o resto da cidade de São Paulo que, no feriado de 9 de julho, depois de uma lavada da seleção brasileira de futebol em um certo torneio, decidiu ir toda para o museu.

A fila era longa, muito longa, eu não teria enfrentado se não estivesse acompanhado por alguém decidido a entrar. As pessoas enfrentam agora, na reta final da exposição no Instituto Tomie Ohtake (Rua Coropés, 88, Pinheiros), de 1h a 2h de fila para ver as obras da japa.

Aliás, era assim que ela era referida na fila. “Vim ver a exposição da japa”, disse uma menina ao celular atrás de mim. Muita gritaria e selfies na fila, que mais parecia para um show da Miley Cyrus por ser longa, cheia de muitos adolescentes com seus pais e jovens adultos com seus amigos, e também por contar com uma moça vendendo água, cerveja e refris num isopor.

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Quando finalmente colocamos o pé dentro, surpresa!, mais fila. Cada sala tem a sua, é impossível circular livremente. É muito claro que mesmo agora o lugar não está preparado para tanta gente. Eu nunca vi filas tão longas nem nos piores dias das exposições do David Bowie ou Stanley Kubrick no Museu da Imagem e do Som (MIS). O que é que essa japa tem? De onde sai tanta gente tão sedenta por arte abstrata?

Bom, a primeira instalação tinha uma coisa curiosa: um aviso de permanência de 20 segundos. V-i-n-t-e s-e-g-u-n-d-o-s. E aí eu entendi tudo: quando o grupo que entrou na minha frente (ninguém sozinho, ninguém sem um celular em mãos) foi literalmente expulso de lá pelo segurança – da maneira mais rude possível – uma das moças virou pra mim e disse: “olha, só dá tempo de tirar foto e ir embora”.

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Usar esse curto tempo para tirar fotos e apreciar a obra depois faz sentido, mas é contra a intenção da artista caso esse tempo limite fosse decisão dela – o que nem sei se é o caso. Ou seja, aquela fila toda de pessoas lá fora estava era só querendo um cenário diferente para suas fotos.

Eu não sou contra quem tira fotos em exposições, eu mesmo já tirei várias fotos em museus. Claro, vê-las em sua timeline pode incomodar pois não deixam de ser spoilers, mas todo mundo tem direito de registrar a experiência – e querer controlar o que o outro posta nas redes dele é dar murro em ponta de faca. E não tenho nada contra selfies também, muito pelo contrário, já até escrevi um textão falando sobre elas. A questão dessa exposição, a meu ver, não batia em nenhum desses assuntos apenas. Era uma questão de validação.

“Olhem pra mim, eu vim na exposição!” era o que todos pareciam querer comunicar. As obras eram meros backdrops para fotos. A prova disso eram as filas nas instalações (que, de fato, são lindas) enquanto os textos de biografia e rascunhos de obras estavam às moscas. Na seção dos quadros, havia tanta gente tirando foto de si ou uns dos outros – e não das obras – que o fluxo de apreciação era completamente atrapalhado. Meu interesse na pintura estava atrapalhando a foto alheia e faziam questão de me verbalizar isso. “Tira foto na frente daquele quadro azul, vai combinar com sua blusa” foi uma frase que eu ouvi, de verdade.

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Depois dessa acima, há uma sala incrível com espelhos, luzes e água. O tempo de permanência lá já não está estampado em lugar nenhum, mas é imposto por um segurança que fica na porta GRITANDO pra quem está lá dentro não parar de andar. No meu grupo estava essa menina da foto acima, que a cada metro revezava um clique com a mãe. Parada numa pose, interrompeu o fluxo e o segurança da sala DESLIGOU AS LUZES DA INSTALAÇÃO e mandou o povo acelerar. Já me falaram que não foi bem isso, que fica escuro mesmo quando o ciclo de luzes piscantes acaba. De qualquer forma, se fiquei 15 segundos ali, foi muito. Ou seja, não vi nem um ciclo completo. Não me deram oportunidade de apreciar nada no meu ritmo.

Era muito antagônica a sensação de estar cercado de tanta cor e vida e sendo tratado como em um rebanho de bois indo virar carne moída. Era como estar, às 18h de uma sexta-feira, na estação de metrô Luz, mas com paredes neon decoradas com luzes de natal.

Não sabia se o excesso de fotos era por conta do tempo curto ou se o tempo curto foi imposto pois todos param demais para tirar fotos. É o ovo e a galinha.

Pensava: quem aqui conhecia Yayoi Kusama antes? Tanto faz, é maravilhoso poder descobrir um artista novo já numa exposição dele! Eu sou a favor da popularização da arte, acho que quanto mais acessível melhor, e cada um interage com ela de um jeito diferente, não deve haver protocolos. Mas confesso que, na fila, tentei desenhar algumas variáveis: será que ia ter tanta gente aqui se exposição não fosse de graça? E se não pudesse tirar foto? E se fosse num outro espaço?

É que não estamos numa cidade que tem a igrejinha e o coreto e aí, de vez em quando, instalam um circo na cidade e ele lota toda noite pois é a única coisa que tem pra fazer. O cardápio cultural de São Paulo é muito vasto e tem mil eventos igualmente gratuitos e acessíveis espalhados por aí sem ninguém os visitando. Por isso repito que minha questão é a seguinte: de onde veio tanto interesse nessa mostra da Yayoi Kusama?

Meu palpite: das redes sociais.

Afinal, pra onde você acha que foram todas essas fotos que vemos sendo tiradas?

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Para muitas pessoas, atualmente, fazer algo só por fazer e só para elas mesmas não é suficiente. É preciso divulgar, validar pelos olhos dos outros. Se não registrei, não fiz. Quanto mais gente ver que me diverti, mais diversão eu tive. Cada um dosa à sua maneira, mas de forma geral acho esse movimento uma pena. Tira as pessoas do presente um pouco, e cria uma memória de algo que, na verdade, não existiu.

As vezes parece que a possibilidade de registrar que se fez algo influencia a tomada de decisão entre o fazer e o não fazer: a festa na casa do vizinho não gera check-ins nem tem fotógrafos profissionais registrando, então melhor nem ir.

É o cara que sente como se tivesse lido o livro depois de tirar foto da capa, é quem posta mil fotos da ida à praia direto da areia ao invés de aproveitar o passeio, é a galera que vai pra grade do show mas vê tudo pela tela do celular pois filmar é mais importante, é a menina que sente que já malhou o suficiente hoje depois de tirar foto com roupa de ginástica no espelho da academia. É viver sua vida para os outros.

E é isso.

Uma coisa foi alimentando a outra. Selfies e mais selfies numa exposição plasticamente bonita levaram selfers e mais selfers até ela. No fim, saem ganhando eles com seus lindos cliques e sai ganhando a galeria que teve seu recorde de visitas. Mas perde quem gosta genuinamente do trabalho de Yayoi Kusama e perde quem foi lá querendo, de fato, conhecê-lo.

“Brüno”: genial ou homofóbico?

Acabei de assistir “Brüno”, nova comédia de Sasha Baron Cohen, ator também por trás de “Borat”, produção de 2006 indicada ao Oscar de melhor roteiro original.

O primeiro filme conta a jornada de um repórter do Cazaquistão aos Estados Unidos, mostrando as supostas diferenças culturais entre os dois lugares. Toda a produção tem um ar de “câmera escondida”, apenas registrando a reação das pessoas aos atos malucos do tal cazaque.

Novamente, o personagem principal dá título ao filme, mas Brüno é um repórter gay pra lá de caricato, especialista em moda. Austríaco, ele sai de seu país em busca de fama e se mete em inúmeras roubadas.

O que acontece é que ele não é famoso ainda e não pode sair ileso de excentricidades como falar mal de pessoas que não conhece, adotar africanos e ter a pretensão de acabar com a guerra no mundo. Ao encarnar um personagem como Brüno – que é superficial, afetado e incrivelmente burro – todos os alicerces da cultura norte-americana tem potencial para ser alvo de algum tipo de sátira, mesmo que não explicitamente.

O novo filme é muito mais incorreto que “Borat” e também muito mais ousado. Hilário ver Paula Abdul, por exemplo, falando que fazer trabalhos humanitários e ajudar outras pessoas “é como respirar o ar que respiro” ao mesmo tempo que usa um mexicano de quatro como poltrona. Impossível enumerar as cenas que mais ri, são muitas. Mas tenha uma atenção especial à viagem dele ao Oriente Médio, seus dias acampando e à música no final.

O principal erro é que, como em “Borat”, Cohen entra em um grupo – no caso, os gays – para provocar as pessoas ao redor, mas acaba satirizando o próprio grupo que se apropriou. Interromper uma passeata contra os direitos homossexuais vestido com roupas de sadomasoquismo é engraçado, mas de forma alguma contribui para qualquer tipo de tolerância, certo? O tiro sairia pela culatra se o objetivo fosse melhorar a aceitação dos gays na sociedade. Como não é o caso, o longa segue bem. Mas tem seus méritos no assunto quando, por exemplo, mostra quão ridícula é a fala de um pastor que, supostamente, “cura” gays.

Comédias desse tipo são especialmente engraçadas para mim, pois as pessoas ao redor acham que estão sendo acariciadas com risos, mas estão levando belas bofetadas na cara. A crítica aos costumes está lá e, no fim, você acha que a sociedade não tem solução mesmo. A intolerância e a ignorância estão enraizadas de uma forma muito profunda e você percebe que riu para não chorar. Mas pelo menos riu bastante.

E esse São Paulo Fashion Week, ein?

Para quem não sabe, eu estou cobrindo o São Paulo Fashion Week e isso me fez refletir sobre moda. De uma forma ou de outra, não interessa que tipo de roupa você usa. Tudo vira uma maneira de se expressar. Afinal, se você não se importa com alta costura e usa jeans e blusa branca, você acaba passando a mensagem de que você não se importa com moda! Então é inevitável…

Declarado isso, vamos seguir.

Eu adoro comprar roupas e passo um tempo considerável pensando no que vestir (dependendo da ocasião, claro), mas sempre achei desfiles uma bobagem. E, tendo que acompanhar todos do SPFW, acho que isso mudou um pouco. Me vi mais interessado naquilo, apesar de ter muito estilista que está mais inclinado para artista plático, não? O pessoal é tão montado e colorido que dá dó. Não é a toa que eles precisam mudar tudo de 6 em 6 meses, ninguém aguenta.

Mas isso não é um xingo, ok? Eu acho que moda pode andar de mãos dadas com inteligência e bom senso. Encará-la como uma grande corporação maligna que quer todo mundo branco e magro é um pensamento muito atrasado. Existe muito que ser visto e entendido num desfile e eu me surpreendi quando percebi que concluí isso.

Tampouco moda é uma arma de consumo. Vi algumas roupas nas passarelas idênticas a peças que eu já tenho no meu armário, basta combinar com outras peças ou acessórios. Realmente acho que a roupa, além de te manter vestido, serve para se expressar. É uma maneira de colocar alguma idéia do lado de fora – seja sua cor favorita em sua mochila ou o seu filme favorito na estampa da blusa. São ícones de sua personalidade.

O ideal é não levar tudo tão a sério e tomar um cuidado básico para não parecer ridículo: não ser nunca o primeiro nem o último a usar uma tendência.


(Desfile da V.Rom)

A Nova Alguma Coisa

Não é segredo que Gilmore Girls está entre as minhas séries favoritas, cheia de boas piadas sobre a sociedade. Lembrei hoje de um episódio que se passa em um chá de bebê. As personagens principais, Lorelai e Rory, ficam surpresas ao perceberem que estão cercadas de objetos, roupas e presentes da cor verde. Afinal, o bebê é uma menina. Uma delas então comenta: “achei que rosa era cor de menina”.
– Ah, não. Rosa não. Você não leu a Vogue desse mês? Verde é o novo rosa.

Ok, pára tudo. Por que diabos as revistas femininas insistem tanto em nos ensinar que “o novo aquilo” é “aquilo outro”?

As blogueiras Juliana Sampaio e Laura Guimarães reuniram exemplos (reais) desse novo tipo de abordagem: “O novo champanhe rosé é o coquetel”, “O novo florido é o manchado”, e o pior de todos, “A nova fulana de tal é a beltrana”. Maldade isso, não? E a fulana de tal faz o quê? Se mata?

Claro que não. Basta esperar até a abordagem jornalística do próximo mês. Se fulana não tiver uma volta triunfal, poderá ser a “nova” alguma outra pessoa. Mas não vamos colocar toda a culpa nas revistas femininas pois a modinha está em todo lugar, já assimilada na cabeça de muitos. Nunca reparou? O novo “meu filho é um capeta” é o “meu filho tem TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade)”, por exemplo.

Mas acho que nada disso me atinge (quiçá os leitores deste blog). Na minha vida está mais que comprovado que “viver como eu quero” é o novo “seguir as tendências”.

Para ouvir depois de ler: Incomplete – Alanis Morissette

Fitas cassetes

Há algum tempo precisei de fitas cassetes pra fazer um trabalho de rádio. Coisa antiquada, né? Nesse mundo (pós?)moderno, que qualquer um dentro do ônibus tem um MP3 player, pra quê ainda fita cassete? O que me levou a outra questão: o que fazer com as fitas antigas?

Aí me passaram um site que tinha umas sugestões bacanas. A minha favorita é fazer um colarzinho com essas fitinhas de secretária eletrônica (como eu nunca pensei nisso antes?). Mas no site tem umas coisas ótimas envolvendo pop art, robozinhos, cintos e cartucheiras.


Para ouvir depois de ler: The Modern Things – Björk